Carrinho

Vender é o objetivo principal de toda a loja? Marketing é sinônimo de venda? Então, isso significa que vale tudo na guerra pela atenção do consumidor? E para conquistar as crianças, tem alguma regra?

Veja bem: a confusão começa pelo conceito. Marketing não é sinônimo de venda. Marketing é conquistar e manter clientes. CON-QUIS-TAR. E MAN-TER. E não, não vale tudo nesta guerra. Em especial se ela envolve crianças.

Conquistar um cliente passa, em primeiro lugar, por ter o produto certo para o mercado que você quer atender. OK, você pensa, mas eu tenho o produto certo – e o meu concorrente também. Logo, tenho que encontrar outros meios de me destacar.

Se você passou pelo primeiro teste, pense no segundo: MAN-TER. Você precisa fazer o cliente entrar na sua loja. Isso passa pelo poder de atração da sua vitrine. Lá dentro, você precisa atender de modo a encantar. Está fazendo isso? Poderia fazer melhor? Tem deixado este detalhe de lado?

Se o seu cliente é uma criança, a responsabilidade aumenta. Porque, antes de ser lojista, você pode ser pai, mãe. Ainda não? Mas é um adulto, e o compromisso de todo o adulto é preservar e educar as crianças.

Pense que a criança deve ser livre para escolher. O que você, como lojista, pode fazer para permitir ao seu cliente mirim a liberdade ideal de escolha do que ele deseja?

Conhecer melhor o produto é um bom começo. Não fazemos test drive para testar um carro? Invente um test play de jogos e brinquedos. Nunca vi uma loja de brinquedos com uma brinquedoteca. Ao contrário, o que vejo são lojas com funcionários que cuidam para que os brinquedos nas caixas não sejam violados e estragados pelos pequenos e ávidos consumidores.

As livrarias fazem leituras de histórias. E as lojas de brinquedos? Fazem nada. Para não ser totalmente injusta, algumas distribuem balinhas. De preferência, na saída. Nunca entendi porque as lojas de brinquedos não vendem também livros infantis. Se a idéia é manter o consumidor dentro da loja o maior tempo possível – está provado que isso induz à compra – porque inexiste o movimento em prol desta iniciativa nas lojas de brinquedos?

Está certo que, no dia-a-dia, com o envolvimento que cada negócio exige – comprar, limpar, pagar, treinar, organizar – não sobra tempo para mais nada. Mas não podemos perder o foco da reinvenção. Parar, repensar, estudar e descobrir o que podemos fazer de diferente dos concorrentes. Porque o que vemos por aí é uma eterna cópia de mesmice.

Então, decorar sem apelar é a idéia para o Dia das Crianças.  Decorar a sua loja com mensagens lúdicas, criar um quebra cabeças gigante para os pequenos clientes – ou um jogo de xadrez; colocar na vitrine um poema sobre a infância; trazer à memória dos pais como era a sua própria infância. Na vitrine, ao invés de um adesivo de cunho comercial, que tal um mais poético?

Como dizia um antigo professor de física, tem que “espremer a ervilha”. Nunca vi uma loja de brinquedos – ou de roupas infantis, ou de moda jovem – buscar informação sobre a idade da criança para oferecer aos seus pais brinquedos e produtos adequados à cada faixa etária, à medida em que ela vai mudando. Se você já viu isso por aí me avise, devo estar desinformada. Mas isso seria o lógico. Cresceu, mudam os interesses. E eu não sei nada sobre o meu cliente. Atendi, vendi, e lá vou eu procurar um novo cliente…

Quem estudou o básico em marketing – e todo o lojista já teve uma prévia sobre o assunto – sabe que é muito mais caro conquistar um cliente novo do que manter um antigo.

Mãos à obra e toca a “espremer” esta ervilha. Mude as coisas na sua loja, assim como a gente muda a disposição dos móveis da casa de vez em quando. Para não cansar. Para ficar melhor. Para a gente se sentir melhor.

E não economize neurônios para inventar formas de mostrar aos seus pequenos consumidores produtos que ele pode gostar. A escolha ele faz. E, com certeza, vai escolher que se esforça mais.